A Madeira de Teresa Gonçalves

Diretora do hotel The Vine revela-nos os seus lugares preferidos

O MEU LUGAR FAVORITO NA MADEIRA? TODOS!!!

Viajei muito ao longo dos últimos 30 anos, devido à minha profissão, desde sempre ligada ao turismo. Voltar à Madeira é sempre um alívio aconchegante que só se sente num regresso a casa.

O calor, a luz, os tons de verde, os degradés de azul e cinza do oceano, os rosas e os laranjas de cada pôr-do-sol.



É difícil nomear um lugar pois a minha cabeça foge sempre para vários lugares. O verde luxuriante do Chão dos Louros, com a montanha rasgada pelas linhas retas que denunciam as levadas, as escarpas coloridas do Caniçal, com o azul profundo do Atlântico que o rodeia como um manto que termina do rendado branco das ondas a bater nas rochas.

O som do vento, o cheiro da maresia, o voo das gaivotas e das cagarras que ora parecem suspensas no ar, ora mergulham na voracidade daquele azul inebriante. As piscinas naturais da Doca do Cavacas que evocam o cheiro a sal no cabelo, o doce dos Perna de Pau, o cristalino fresco da água, os alfinetes para “pescar” os caramujos teimosos das suas conchas nos Verões sempre alegres na minha memória de criança. Sempre me provocou espanto o correr das nuvens pelas encostas da montanha abaixo, como um rebanho etéreo. Um céu azul e alegre na encosta sul a contrastar com o negrume das nuvens altas, carregadas de chuva que parecem querer romper-se pelas agulhas dos picos mais altos.



Mas a melhor de todas as Madeiras é a que tem gente dentro. A Madeira dos arraiais, das “missas do parto”, dos passeios nas levadas, dos piqueniques na serra. A Madeira não é só uma paisagem feita de contrastes, é muito mais do que isso. É uma família que nos espera de braços abertos, de sorriso franco, de sotaque genuíno e descomplexado, de portas abertas, de poncha na mão, pronta a partilhar a espetada e o bolo do caco e aquele abraço sentido, bem madeirense, com uma palmadinha nas costas como quem nos diz: bem-vindo a casa!


Teresa Gonçalves