A nova vida do prefabricado

Visto como uma solução rápida e pouco criativa, o prefabricado está a ser redescoberto e oferece um mundo de novas soluções.

Folheando um dicionário, a palavra “prefabricado” remete para aquilo que é fabricado antecipadamente, utilizando componentes estandardizados separados, para serem montados no lugar onde vai ficar instalado. As casas prefabricadas são o melhor exemplo.

O tema foi alvo de algumas discussões e experiências no início do século XX, através de arquitetos como Walter Gropius, fundador da Bauhaus, entre outros. Mas só após a Segunda Guerra Mundial é que de facto se tornou mais usual a utilização de elementos prefabricados, dada a necessidade premente de reconstruir as cidades devastadas pelo conflito.

O avanço tecnológico permitiu, não só dominar e melhorar a utilização dos materiais, como também ter melhores ferramentas para aumentar, quer a produção, quer a qualidade do que era construído. Nessa altura utilizava-se somente, ou principalmente, a prefabricação de painéis de parede, para a colocação em empreendimentos habitacionais.

Com o decorrer do tempo e com o desenvolvimento da tecnologia e dos materiais, bem como dos processos industriais de fabricação, começaram a surgir novos componentes e novas soluções.

No entanto, a construção de edifícios através de soluções prefabricadas, ficou sempre colada à imagem de uma certa “pobreza criativa”, dado que a prefabricação pressupõe uma certa repetibilidade de soluções. Não é possível ser mais criativo do que as características intrínsecas dos elementos. Isto levou a que o método ficasse um pouco posto de parte, sendo utilizado mais em soluções industriais, pequenas habitações e laboratório de novas ideias e materiais.

Esta realidade não é igual em todos os países. Há lugares que por terem determinadas tradições, ou predominância de algum tipo de material, apostaram mais e têm uma indústria e mercado fortes na unidade habitacional prefabricada. As casas prefabricadas são também utilizadas em países em vias de desenvolvimento, com necessidades urgentes de habitação, assim como em casos de realojamento temporário, por exemplo, quando ocorrem catástrofes naturais.

Desde há algum tempo o conceito de prefabricação, em termos arquitetónicos e mais nas funções do habitar, modificou-se. A prefabricação deixou de ser só o “preenchimento” e os “acessórios”, passando a incluir a estrutura e assumiu-se como um espaço modular. Portanto, passa a ser possível construir por módulos, com estruturas “leves” e ir ampliando conforme as necessidades, quer do tamanho do agregado, quer das possibilidades económicas.

O prefabricado adaptou-se e atualizou-se também em termos de linguagem arquitetónica, com a utilização de novos materiais, mais amigos do ambiente. Tornou-se um sistema moderno, onde tudo irá correr dentro do esperado, com uma maior rapidez de execução da obra. O preço é mais baixo e existe a possibilidade de ampliação sem grandes complicações, sendo possível englobar preexistências e permitindo uma cada vez maior personalização de cada modelo habitacional.

No Funchal, desde há algumas semanas existe um exemplo deste tipo de habitação, fruto do investimento técnico e financeiro de uma empresa local. Trata-se de uma pequena construção coletiva, com dois fogos, onde é feita a demonstração do seu sistema construtivo e das possibilidades que esta nova solução permite.