Orquestra de Bandolins

Com mais de 100 anos a Orquestra de Bandolins da Madeira é ao mesmo tempo a mais antiga e jovem de sempre.

Não é uma viola nem um violino. Com um formato semelhante ao de uma pêra, e com cordoamento duplo, o bandolim surgiu como evolução do alaúde, em Itália no século XVI.

Os diferentes tipos – bandoleta, bandola e bandoloncelo – apesar das suas características físicas muito semelhantes, diferenciam-se no tamanho e no som.

Tocados em separado, variam entre sons mais graves ou mais estridentes, dependendo da sua dimensão. Quando tocados em simultâneo, transmitem uma sonoridade ainda mais especial. É esse todo que compõe a Orquestra de Bandolins da Madeira.

Para além da família dos bandolins, os outros instrumentos que formam a Orquestra servem para contribuir com diferentes sonoridades. A viola acrescenta um som mais denso, doce, menos estridente e mais grave. O guitarrom, assemelha-se a uma espécie de “viola grande”, e tem um registo mais grave e de maior dimensão. É tocado pela técnica pizzicato (beliscado em italiano), com os dedos, sem arco.

Constituida por 10 bandolins (1º, 2º e 3º), 3 bandoletas, 3 bandolas, 4 bandoloncelos, 3 guitarras e 2 guitarrons, esta orquestra soma já cerca de 500 concertos e reconhecimentos em Portugal e no estrangeiro.

Com mais de 100 anos de história esta Orquestra, fundada a 18 de Fevereiro de 1913 em São Roque, no Funchal, é atualmente composta por cerca de 30 músicos, com idades compreendias entre os 13 e os 50 anos. O resultado é ser a “orquestra mais antiga e mais jovem de sempre”, refere André Martins, o maestro, também ele um jovem.

A história da Orquestra de Bandolins da Madeira conta com dois principais momentos impulsionadores: o primeiro com Ernesto Baptista Serrão, o primeiro maestro e impulsionador, personalidade responsável por ter desenvolvido a música madeirense, que resultou numa centena de obras musicais e mais de 300 arranjos, em meados dos anos 20. Era comparado com a sua fonte de inspiração, Wagner, pela sua personalidade espontânea, boémia e romântica.

Nessa altura a orquestra era chamada de Tuna do Recreio Musical União da Mocidade, por fazer parte da associação com esse nome e começou a treinar os alunos através da pauta, em aulas de solfejo orientadas por Ernesto Serrão.

Após alguns anos de inatividade, o grupo ressurge nos em 1978 pela mão Maestro Elmano Gomes, até 1980 e depois com o Maestro João Eurico Martins, a partir de 1989.

As grandes mudanças surgiram a partir desta data com a inclusão de elementos do sexo feminino, a aposta na formação, criando escolas de música, e a internacionalização. É um percurso que “que já dura há cerca de 30 anos” e visto desde sempre pelo atual maestro e diretor artístico, filho de Eurico Martins. “Praticamente nasci aqui dentro”, explica André Martins, olhando para uma das fotografias antigas, expostas nas paredes, a partir da qual recorda que o pai ensinava música numa cadeira mais alta do que as outras. André sentava-se debaixo dessa cadeira.

Na época em que Eurico Martins decidiu tomar as rédeas da Orquestra foi acompanhado pelos irmãos: “O meu pai tocava viola, era guitarrista de fado, e os meus tios tocavam bandolins e bandoloncelos”, recorda André Martins.

A grande maioria dos atuais músicos foram formados na escola da própria associação, e ensinados pelo Maestro Eurico Martins. Os mais novos desse tempo são os atuais músicos mais velhos da Orquestra de Bandolins da Madeira. Acompanharam o processo de internacionalização, que levou este grupo a diversos palcos internacionais, em Espanha, Reino Unido, ou até no mítico Teatro Nacional São Carlos em Lisboa.

André Martins segue as pisadas do pai, falecido em 2014. Gere a orquestra e as aulas e confessa que as vezes não é fácil motivar os mais novos, “com tantas distrações que existem hoje em dia”, mas aproveita o período de interrupção lectiva, durante o verão para treiná-los mais intensamente e prepará-los para a temporada seguinte, que habitualmente começa em setembro.

Anualmente, a Orquestra realiza cerca de quarenta concertos, que têm sido distribuídos entre o Centro de Congressos da Madeira e o Teatro Municipal Baltazar Dias. No entanto, na nova temporada os músicos mudaram de palco e passaram a atuar no Centro de Congressos do VidaMar Resort. O concerto de abertura decorreu dia 4 de setembro, com o tema da Festa do Vinho. Habitualmente há concertos todas as semanas, muitas vezes temáticos.

A Orquestra de Bandolins da Madeira soma um extenso repertório, com temas desde o século XVII até à atualidade, desde Johann Sebastian Bach a Stevie Wonder. Tocam também temas regionais e nacionais. São interpretadas principalmente valsas, polcas, prelúdios, tarantelas, rapsódias, entre outros.

André Martins convida as pessoas a assistir a um concerto porque admite que “o som de um bandolim tocado a solo, não tem comparação possível com o som de toda a Orquestra” em simultâneo – acrescenta ainda “é das coisas que mais espanta o público!”.

Mas, para além de uma Orquestra Musical, a Associação é por si só uma escola que forma indivíduos. São vários os casos de sucesso, como a Eurodeputada Cláudia Monteiro de Aguiar, de pessoas que envergaram pelas áreas da Medicina e do ensino.  

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