A grande aventura portuguesa dos descobrimentos começa o seu primeiro capítulo no arquipélago da Madeira, com a ilha do Porto Santo.
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Reza a História que em 1418, os navegadores portugueses João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira, após uma grande tempestade foram desviados da rota e alcançaram uma ilha, facto que os salvou. Por isso deram-lhe o nome de Porto Santo.
Bartolomeu Perestrelo foi o primeiro capitão donatário da ilha e foi uma filha deste, Filipa Moniz, que se casou com Cristóvão Colombo, que viveu no Porto Santo entre 1479 e 1481. Diz-se que foi aqui que aprofundou os seus estudos sobre navegação e cartografia, que lhe permitiram preparar-se para fazer a viagem que acabaria por levar à América.
Hoje, a casa onde se supõe ter vivido durante este tempo, no centro da cidade, encontra-se recuperada e alberga um espaço museológico muito interessante. Integra um conjunto de construções, uniformizadas por obras posteriores, cujo elemento mais antigo, do século XVI, é uma parede no edifício principal, onde se abrem duas janelas de perfil gótico.
O isolamento de outrora e a sua aridez contribuíram para as dificuldades por que passaram as pessoas do Porto Santo. O clima, longos períodos de seca, levaram a uma escassez de produção de cereais e consequente baixa na fertilidade dos solos, gerando poucos rendimentos. O isolamento favoreceu os saques de piratas e corsários, que provocavam a destruição de muitas edificações e o rapto de muitos dos seus habitantes. Relembramos que o primeiro forte, digno desse nome, Forte de São José, só foi construído já no final do século XVIII, no tempo do Marquês de Pombal. Durante muito tempo as defesas eram quase inexistentes.
Do património edificado, destacamos a zona do Largo do Pelourinho, onde ainda podemos observar exemplos de edifícios de época, como a Igreja Matriz, também chamada de Nossa Senhora da Piedade, mandada construir em 1430. Em meados do século XVI foi destruída num ataque de corsários e reconstruída em 1667. Há também a já referida Casa Museu de Colombo.
De construção mais recente, temos o edifício antigo da Câmara Municipal, já do século XVIII (1756), o edifício da Administração Pública – Porto Santo, do século XIX, o Solar, do século XVIII, onde se encontrava o restaurante Baiana, que infelizmente descaraterizou por completo o rés-do-chão do edifício original, o edifício onde agora funciona o tribunal, que por força das alterações necessárias para as novas funções foi bastante alterado, restando somente da construção original as fachadas sul e oeste.
Já neste século foi feita uma intervenção, o Centro Cívico do Porto Santo, que permitiu criar uma ligação pedonal a Rua Silvestre Teixeira e a Rua Cristóvão Colombo, que é constituído por dois edifícios, onde se localizam o Centro de Congressos e Cultural e o Edifício de Serviços Públicos de Porto Santo.
Não poderíamos terminar, sem antes fazer referência ao projeto da escola primária de Vila Baleira (1959), da autoria do Arquiteto Chorão Ramalho, dos moinhos de vento do Porto Santo, referência durante muito tempo da paisagem da ilha, das não muito conhecidas casas-salão, casa típica de Porto Santo que utilizava uma técnica de construção pouco usual no nosso país, com coberturas em barro, mais utilizadas nas Canárias, e um edifício de tipologia industrial, a fábrica das águas do Porto Santo, de 1992, onde se fazia o engarrafamento da água da ilha.
Artigo originalmente publicado em abril/maio 2018 (edição n.º 67).