H. Stern: Uma estrela em ascensão

A H. Stern comemora o 70.º aniversário. Ronald Stern, Vice-presidente, que com o seu irmão Roberto encarna a segunda geração da marca global com origem no Rio de Janeiro, esteve em Lisboa para apresentar as novas coleções e falou com a Essential Lisboa.

Fundada por Hans Stern, um judeu alemão com origem em Essen, que se refugiou no Brasil nos finais da década de 30, a H. Stern é uma história de sucesso. Cresceu de um pequeno negócio de gemas no Rio de Janeiro para, graças à visão do seu fundador, se tornar numa das mais criativas casas joalheiras da atualidade.

Acreditando que as pedras que encontrara no Brasil, como as águas-marinhas, turmalinas, topázios ou ametistas, tinham potencial para a joalharia, que até aí via apenas como dignas os diamantes, rubis, esmeraldas e safiras, Hans começou a vendê-las estrategicamente aos turistas que visitavam o Brasil.

“O meu pai foi um pioneiro cuja obsessão pela qualidade e a vontade de valorizar as pedras que negociava o levou a montar o primeiro laboratório gemológico da América Latina que ainda hoje é o mais prestigiado”, refere Ronaldo Stern. A inovação não se limitou ao produto, estendendo-se a outras áreas como a do atendimento ao cliente, por exemplo, em que foram criados processos pouco vulgares no Brasil de então.

O negócio prosperou e, ainda no final dos anos 40, a H. Stern dava início à sua internacionalização com a abertura de lojas na Argentina e Uruguai para, pouco mais de uma década depois, chegar a paragens mais longínquas como Nova Iorque, Tel Aviv, Frankfurt e Lisboa, uma das primeiras da Europa a ter um ponto de venda H. Stern.

Ainda com Hans Stern na empresa, a partir dos anos 90 a segunda geração assume um papel mais preponderante na H. Stern, com Roberto a tomar o cargo de diretor criativo, provocando uma viragem conceptual que haveria de ser determinante no futuro da marca.

“O meu pai montou a empresa em redor da paixão que tinha pelas pedras. A joia era apenas um suporte. Quando o meu irmão assume a direção criativa, o foco passa a ser o design. Podem-se usar diversos materiais, pode ser só ouro, pode ser ouro com brilhantes ou pode ter pedra de cor, mas o que comanda é o tema.” Ainda na empresa, Hans não vê com bons olhos a inflexão.

“No início não concordava, não acreditava, mas nós tivemos a sorte de ter um pai que deixou a segunda geração trabalhar, criar e deixar acontecer a mudança ainda na vida dele. Ficava a observar, dando conselhos. No começo céptico, mas depois animado quando viu que estava a funcionar.”

Quando Hans faleceu, em 2007, a H. Stern já estava consolidada como uma marca global reconhecida, “não só pela qualidade, isso outros têm, mas acima de tudo pela sua criatividade, algo que a distingue. Incorporámos essa maneira de ser, essa exigência alemã do nosso pai com a criatividade e a cor do país que o acolheu, com a ginga brasileira.”

Realizando colaborações criativas com figuras da moda internacionais, como Diane von Furstenberg, e campanhas publicitárias com estrelas como Diane Krugman ou Katie Holmes, a H. Stern projeta, com igual relevância, nomes da cultura brasileira como Oscar Niemeyer, os irmãos Campana ou o Grupo Corpo nas suas coleções, numa relação que Ronaldo afirma ser natural.

“Embora de origem alemã, o meu pai era um germano-brasileiro e nós nascemos e fomos criados no Brasil. É por eles serem brasileiros, claro, mas também por representarem criatividade em qualquer parte do mundo.” O 70º aniversário, para o qual Ronaldo revela não haver grandes eventos, será marcado por diversas ações que se vão prolongar ao longo do ano.

Começaram nos finais de 2014, com a exposição “Ouro - Um fio que costura a arte do Brasil”, no Centro Cultural Banco do Brasil, e também com a publicação de um livro comemorativo no início de 2015. Passados 70 anos, a H. Stern continua na posse da família que a fundou, apesar dos rumores que várias vezes já a deram como adquirida por um dos grandes conglomerados de luxo mundiais.

Ser independente, como Ronaldo explica, tem as naturais vantagens e contrariedades. “Permite-nos ter uma visão a longo prazo e decidir rapidamente, mas na hora da negociação limita-nos”. Nem esta última característica, nem o abrandamento de algumas economias põem travão nos planos de expansão da marca na Ásia, que Ronaldo considera fundamental para o futuro da marca, que conta atualmente com 280 pontos de venda espalhados por 30 países.

“Nestes dois últimos anos abrimos três lojas em Xangai e duas na Coreia do Sul, em Seul, a última há apenas algumas semanas. Seul é uma referência para os chineses que ali se deslocam para conhecer novas marcas, como fazem com Paris ou Londres, e como tal é muito importante do ponto de vista estratégico. Pequim está nos nossos planos, mas vamos com paciência, só quando conseguirmos uma boa localização.

Crescemos devagar, mas o risco é menor.” O outro vector fundamental dos planos da H. Stern para o futuro, segundo Ronaldo, é dar continuidade à sua política de criatividade, à capacidade de criar novas peças e novas formas de usar a joalharia “Isto é algo que nos trouxe aqui e nos faz verdadeiramente diferentes quer quando trabalhamos sozinhos ou em parceria. As parcerias estimulam os nossos designers. Costumo dizer que a criatividade é como um músculo: se exercitar, ele cresce.”

Reis, rainhas e mosaicos preciosos

Mosaic e King & Queen são as duas novas coleções da H. Stern. A primeira foi buscar inspiração aos painéis de mosaicos característicos das civilizações Grega e Romana.A coleção é composta por dois anéis e três pares de brincos, uma pulseira e um colar, em dois tamanhos e produzido em ouro nobre de 18K e diamantes cognac, agrupados numa delicada trama geométrica.

Ouro de 18K em tom champanhe e diamantes compõem a coleção de anéis King & Queen, em dois tamanhos e dois géneros: rei e rainha que de uma forma estilizada decompõem a coroa, símbolo de poder e legitimidade ao longo dos tempos.