O Porsche 911 entrou numa nova era de motores turbo.
O desportivo mais importante da história deve a sua posição no mercado a um elemento fundamental que sempre fez parte do modelo: a capacidade em adaptar-se à realidade do mercado, à medida que este vai evoluindo. E, mais uma vez, os engenheiros alemães demonstram que são capazes de compreender e preservar essa capacidade no novo Porsche 911, com a recente atualização 991.2, a segunda vida da geração 991, que chegou às nossas estradas em 2012.
O 911 é o símbolo maior da Porsche, um ícone da indústria automóvel e tem, desde que foi lançado em 1963, cultivado um clube de seguidores como nenhum outro automóvel conseguiu até hoje. Pequenas alterações são uma constante até dentro do mesmo modelo e por vezes de ano para ano, se a marca assim achar que faz sentido, mas o 991.2 traz uma profunda alteração de paradigma que já não se via desde que o 996 substituiu o 993 em 1998, alterando a refrigeração do motor de um sistema aarparaumaágua.
A partir de agora, todos os 911 que não ostentem a sigla GT3 passarão a estar equipados com um novo motor turbo de 3 litros de cilindrada. Assim, o Carrera e Carrera S – e respetivas derivações – abandonam os antigos propulsores atmosféricos de 3.4 e 3.8 litros e seguem o caminho inevitável da sobre-alimentação, a única forma de aumentar as performances e cumprir as cada vez mais apertadas leis anti- emissões. O novo bloco biturbo de 6 cilindros e 3000cc, código interno 9A2, mantém no entanto, e como não poderia deixar de ser, a filosofia de cilindros opostos boxer. O Carrera passa a debitar 370 cavalos, enquanto o Carrera S consegue uns já impressionantes 420 cavalos.
A Porsche mostrou o novo 911 à imprensa em Tenerife e colocou à disposição dos jornalistas uma colorida frota de Carrera S e Carrera S Cabrio com diferentes níveis de equipamento e até algumas unidades equipadas com a peculiar caixa manual de sete velocidades, ainda que a excecional PDK continue a preferida da maioria dos clientes. A nova coqueluche da Porsche mantém inalteradas as características únicas da condução de um automóvel com o motor em cima do eixo traseiro, mas a suavidade e a facilidade de utilização do 991.2 estão num patamar nunca antes visto no modelo. A performance é superior em todos os aspetos ao 991.1, principalmente pelo maior binário disponibilizado pelo motor comprimido, que torna ainda o 911 mais acessível em qualquer regime e a adoção de ritmos elevados ainda mais fácil, até para condutores menos experientes.
A estética nunca poderia mudar muito, centrando-se as alterações nos novos pára- choques dianteiros e traseiros, no novo spoiler traseiro e novos faróis à frente e atrás. A geração 991 é das mais bonitas de sempre do emblemático 911 e, quando o design exibe tamanha harmonia, não há porque mudar muita coisa.
O interior recebeu uma série de modificações importantes, como um novo sistema de infotainment que inclui um ecrã de 7 polegadas com Google Earth e Google Street View incorporados, conetividade WLAN e que é compatível com o Apple CarPlay. A qualidade Porsche continua bem patente, com materiais de elevado nível e uma variada escolha de acabamentos que permite personalizar o 911 ao gosto de cada um.
Há 52 anos a marcar o ritmo da indústria, o Porsche 911 está a passar por mais uma revolução profunda, permanecendo exatamente na mesma. E é essa a sua maior vitória: conseguir desenhar o futuro, sem nunca esquecer o passado.