Esculpidas pela Natureza

De origem vulcânica, as piscinas naturais da Madeira e do Porto Santo são a escolha ideal para quem quer aproveitar o mar em segurança.

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Seja qual for a estação do ano, as temperaturas que se fazem sentir no oceano à volta do arquipélago da Madeira acabam por convidar para um mergulho. Na costa sul a chegada do verão brinda os banhistas com temperaturas à volta dos 22.º graus em junho e dos 23.º graus em julho. Mas entre as várias opções para refrescar o corpo, há uma maneira única de vivenciar o oceano – através de um mergulho numa piscina natural.

Elas espalham-se um pouco por toda a ilha. Variam na forma e no aspeto, mas apresentam em comum o facto de serem esculpidas pela Natureza, a partir do basalto e com a ajuda da erosão e do mar.

No Funchal, a capital madeirense, um passeio pela promenade do Lido leva-nos ao complexo balnear das Poças do Gomes ou, como é localmente conhecido, Doca do Cavacas. A disposição das rochas vulcânicas, com uma ligeira ajuda do Homem, deu origem a um pequeno espaço balnear com vista para a praia Formosa e para o promontório do Cabo Girão.

O encanto da Doca do Cavacas está no seu tamanho. Entre as pontes e as rochas que se parecem com ramos a debruçarem-se para a piscina natural de água salgada, o espaço pode parecer reduzido, mas o ambiente familiar acaba por ser uma das mais valias do complexo.

O acesso à praia é pago, mas desfrutar das ondas e da companhia dos pequenos peixes que invadem a piscina não tem preço. No verão, é possível frequentar o complexo entre as 10:00 e as 20:00 horas.

Mas falar de piscinas naturais de água salgada na Madeira é sinónimo de falar de Porto Moniz. A sua fama atravessa fronteiras e são o maior cartão de visita da pequena vila do noroeste da ilha.

A tranquilidade das piscinas naturais de água cristalina esconde a história violenta à volta da sua criação. As ilhas do arquipélago da Madeira foram formadas por erupções vulcânicas. A lava chegou à superfície pela primeira vez há cerca de cinco milhões de anos, com erupções periódicas que continuaram até há cerca de 25 mil anos.

As explosões de lava, em conjunto com a erosão durante os períodos de dormência, formaram a paisagem montanhosa da Madeira. Na fase mais recente da atividade vulcânica, a lava desceu pelos vales e, sorte dos banhistas, uma parte foi parar ao mar onde se encontra o Porto Moniz. Após o seu arrefecimento e endurecimento, a rocha vulcânica deu origem às rochas que compõem os limites da piscina.

A rede de piscinas de Porto Moniz é composta por uma parte humanizada, mas a segurança de quem mergulha naquelas águas assim o pede. Ventos fortes podem fazer com que a ondulação seja mais agitada, mas as proteções fazem com que seja possível desfrutar da piscina de forma serena. Ao nadar na rede de piscinas, essa intervenção é quase impercetível e fica para segundo plano. Ali, o ambiente é também familiar, tendo até um pequeno natatório apropriado para as crianças. O acesso, reservado entre as 09:00 e as 19:00 horas, é pago. 

Para quem procura gratuidade, as piscinas naturais do Cachalote, a poucos metros das piscinas mais famosas da vila, são também uma boa opção para um mergulho. A área de solário é relativamente grande e a experiência de fruir da singularidade de uma piscina natural em nada perde em relação à praia vizinha. As temperaturas das águas médias anuais costumam encontrar-se entre os 20.º e os 21.º graus.

Na freguesia vizinha de Porto Moniz, a beleza natural do Seixal impressiona. Os tons de verde vindos da montanha caem e contrasteiam com o azul do oceano. Do mar, a imponência da rocha merece admiração e respeito. Conhecido pela sua praia de areia negra de extensão notável, o Seixal tem ainda dois tesouros naturais não muito escondidos.

As piscinas de origem vulcânica do Clube Naval do Seixal são um local tranquilo e uma alternativa válida à praia de areia vizinha. Dali é possível partir para a aventura e alugar caiaques e equipamento de mergulho, com o objetivo de descobrir o oceano em frente. Apesar do acesso ser gratuito, há um horário que tem de ser tido em conta na altura da visita, das 10:00 às 19:00 horas.

A segurança, a qualidade da água e o fundo e beleza da piscina natural são razões fortes na altura de escolher onde mergulhar. Nas poças das Lesmas, do outro lado do Seixal, o cenário é idílico. Num dos lados da praia, há um arco que funciona como entrada para as águas límpidas rodeadas de rocha vulcânica.

O mar entra e sai de forma vagarosa e os banhistas têm a impressão de estarem numa piscina infinita. Pode ser boa ideia levar os óculos de mergulho e descobrir a excelência das rochas e dos peixes que fazem daquelas águas a sua casa. Para quem procura um local mais calmo e resguardado, as poças das Lesmas são uma boa opção. O acesso é gratuito.

Na ilha vizinha, em Porto Santo, há também um local especial onde é possível desfrutar do mar numa piscina natural. O Porto das Salemas, na costa norte da ilha, situa-se numa pequena enseada de acesso de dificuldade média. O trilho de terra é ingreme, mas após a chegada à praia a complexidade do percurso fica para trás num local que é um paraíso dentro de outro paraíso.

Há uma rede de piscinas naturais que ficam a descoberto quando a maré está baixa. Elas variam em tamanho e em profundidade, proporcionando várias opções de escolha para cada um dos membros da família. O mar é geralmente calmo e as águas límpidas podem ser uma alternativa ao extenso areal do sul da ilha.

Na altura de eleger o melhor local para se refrescar no verão, a escolha pode ser complicada. Na Madeira, não há como errar. Entre águas cristalinas e cenários que parecem terem sido retirados de um livro, as piscinas naturais do arquipélago assumem-se como uma excelente solução para quem quer aproveitar as vantagens do mar em segurança.