Irreverência em palco

O segundo dia do Funchal Jazz Festival foi marcado por sons bem distintos e inovadores.

Se o primeiro dia do festival já acendeu o entusiasmo entre o público, com nomes internacionalmente aclamados como Dave Liebman, Joe Lovano ou Greg Osby, a quem se juntou o jovem mas consolidado artista João Barradas. Ontem uma plateia mais composta e de várias idades deixou-se eletrizar pelas novidades sonoras em palco.

Dia 14 de julho abriu com Rudy Royston OriOn trio, continuou com Kurt Rosenwinkel Caipi Band e encerrou com mais uma jam session no SCAT Music Club & Restaurant.

O primeiro concerto da noite levou a palco um trio composto por Jon Irabagon (saxofone), Yasushi Nakamura (contrabaixo) e Rudy Royston (bateria). O baterista que dá nome ao trio tem vindo a surpreender desde há uma década, quando começou a fazer parte do panorama jazzístico de Nova Iorque, sendo hoje um “líder digno de nota”.

Mas não só a percussão esteve em destaque. O saxofonista Irabagon foi uma das surpresas da noite, que revelou uma faceta do instrumento pouco ouvida naquele palco. Explorou a diversidade do instrumento através de diferentes sonoridades, recorrendo ao saxofone tenor e soprano e demonstrou ser um tecnicista de paixão, justificando os prémios que com até hoje foi laureado.

Na segunda parte da noite, ritmos mais tropicais e exóticos subiram a palco. O sexteto composto por Kurt Rosenwinkel (guitarra e voz), Pedro Martins (guitarra, teclado e voz), Oliva Trummer (piano, teclado e voz), Frederico Heliodoro (baixo elétrico e voz), Bill Campbell (bateria) e António Loureiro (percussão e voz) apostou numa simbiose de registos tímbricos e fusões estilísticas, onde a diversidade linguística esteve presente. Aqui respira-se um sentimento brasileiro aliado ao jazz, com influências do rock. Um momento para fechar os olhos e deixar-se embalar por várias sensibilidades.

Amanhã o programa continua com Bill Frisell Trio, com a colaboração de Tony Scherr e Kenny Wollesen; Charles Lloyd Quartet com a colaboração de Gerald Clayton, Reuben Rogers e Eric Harland. O bilhete para um dia custa 15 euros e pode ser adquirido na porta do evento. As crianças até aos dozes anos têm entrada gratuita.