O Cais da Oliveira, localizado no Caniço de Baixo, teve um papel fundamental na história da Região e foi este ano alvo de obras de beneficiação
Até meados do século XX foi um ponto essencial para o acesso à freguesia do Caniço, uma das primeiras localidades a ser povoada na Madeira, no século XV, numa altura em que os principais acessos às diferentes localidades costeiras realizavam-se sobretudo através do mar.
Falamos do Cais da Oliveira, no Caniço, que foi recentemente alvo de obras de reabilitação por parte da Câmara Municipal de Santa Cruz, de modo a assegurar a sua primeira função: a acessibilidade.
Reza a história que o infante D. Henrique doou a Tristão Vaz e aos seus descendentes a Capitania de Machico, e que nesse momento foi utilizada uma estaca de oliveira para marcar a linha divisória que se estendia desde o ponto mais sudeste da ilha, ou seja Caniço, até à Ponta do Tristão no Porto Moniz. O primeiro ponto recebeu assim o nome de Ponta da Oliveira, onde abundavam Oliveiras-Bravas ou Zambujeiros (Olea maderensis), espécie endémica da Madeira.
Este sítio é banhado pelas águas límpidas e transparentes da Reserva Natural do Garajau, a primeira reserva Marinha do país, que nasceu em 1986 a partir de um grupo de mergulhadores madeirenses que se uniu para travar o fenómeno da depauperação do meio marinho.
Aqui, ao longo de uma extensão de cerca de 376 hectares, pode ser encontrada uma abundante flora endémica, entre as quais se destacam o Massaroco (Echium nervosum), e a Figueira-do-inferno (Euphorbia piscatoria). Residem ainda as mais variadas espécies marinhas, entre as quais se evidencia o emblemático mero (Epinephelus marginatus).
Como se não bastasse, os jardins envolventes ao Cais da Oliveira são ainda um ponto de referência para a observação de aves como o Garajau-comum (Sterna hirundo), a manta (Buteo buteo harterti) ou o Francelho (Falco tinnunculus canariensis).
A riqueza deste local é incalculável e torna-se urgente protegê-la. Nesse sentido a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) leva a cabo o projeto LIFE Natura@night, que tem como principal intuito a redução e mitigação do impacto da poluição luminosa nas áreas protegidas nos arquipélagos da Madeira, Açores e Canárias.