O projeto History Tellers conta com um novo percurso, numa visita dramatizada que atravessa a história do arquipélago da Madeira
Se por algum motivo tiver que passar na praça Cristóvão Colombo, no Funchal, e vir uma luta de espadas entre dois personagens de um outro tempo, não se assuste. É que há uma grande probabilidade de estar a assistir a uma das cenas do novo percurso de visitas guiadas do projeto History Tellers.
Neste novo itinerário, acompanhado por um guia, o grupo de visitantes é convidado a percorrer as principais artérias do Funchal. A novidade é que em alguns pontos, existem atores que viajam até ao passado para encarnar personagens de outros tempos.
Conhecido do público em geral, o projeto History Tellers, da Académica da Madeira, existe desde fevereiro de 2015, mas este ano ganhou uma nova variante, com a opção da visita dramatizada.
Neste percurso de duas horas, Carlos Diogo Pereira, um dos responsáveis pela elaboração do projeto, refere que, a exemplo de outros itinerários da Académica da Madeira, os participantes continuam a ter acesso ao património, à história, à cultura madeirense explicada e às curiosidades do arquipélago, mas agora têm a oportunidade de viver a história.
A dramatização das cenas históricas está a cargo dos atores da Associação Teatro Bolo do Caco. “Claro que as cenas são inventadas, porque não existe ninguém vivo que as tenha experienciado, mas esta modalidade permite a crianças e a turistas, que têm pouco conhecimento e poucas referências da história da Madeira, de terem uma base mais concreta do que falamos”, justifica Carlos Diogo Pereira.
Cada lugar de paragem de percurso tem uma cena definida. No Colégio dos Jesuítas, local onde começa a visita, há um padre jesuíta que fala sobre a origem da ordem, da construção do colégio e sobre a importância do ensino. Na travessa do Forno, junto à Fábrica Santo António, uma madre e a sua criada apresentam o bolo-de-mel, iguaria típica da Madeira, feito de mel-de-cana, que surgiu no final do século XV pelas mãos das freiras franciscanas do convento de Santa Clara.
Existem também personagens que acompanham parte da visita, como o fortificador e Mestre das Obras Reais Mateus Fernandes, um dos responsáveis pelo planeamento das defesas do Funchal no final do século XVI. Neste caso, o ator encarregado por este papel guia os visitantes por entre os caminhos da antiga fortaleza de Santo António da Alfândega, reabilitada em 1980 para acolher a Assembleia Legislativa da Madeira, e a fortaleza-palácio de São Lourenço. Durante a visita, do guarda-roupa aos acessórios, nada é deixado ao acaso. Os figurinos estão a cargo da Associação Teatro Bolo do Caco e foram inspirados em fotografias e postais dos séculos passados.
“No caso do ator que interpreta o Mateus Fernandes, por exemplo, ele mostra mapas do Funchal com a organização das muralhas com base em documentos da época e, assim, as pessoas conseguem identificar algumas das estruturas. Na cena de batalha, eles utilizam espadas genuínas, feitas de metal”, explica Carlos Diogo Pereira.
As dramatizações acabam por despertar não só o interesse do grupo que acompanha a visita, mas também de quem passa. “Uma freira aos gritos na rua. Uma serviçal a correr. Uma cena de luta digna de Hollywood. Nesse aspeto, o projeto acaba por divulgar-se a si mesmo”, conta o responsável da Associação Académica.
Com início e término no Colégio dos Jesuítas, a visita dramatizada do History Tellers passa ainda pela Catedral do Funchal, a estátua do descobridor da Madeira, João Gonçalves Zarco, as caves de vinho Madeira da Blandy e o Museu de Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s.
Em inglês ou em português, a visita dramatizada do History Tellers realiza-se às quintas-feiras. É necessário fazer reserva.